Iaê, Negada!
Carnaval acabou, mas cá continuo no meu post a segunda parte do: Meu passado também condena. Se você perdeu a primeira parte da história, Clique aqui.
Recapitulando a última parte: “Todos confirmaram positivamente, exceto a loirinha que riu ironicamente. Tentativa inútil de me impedir. Fui andando lentamente pela areia, pensando em coisas tão distantes que talvez jamais iria pensar, alías, no que eu poderia pensar, não? Era só sexta-feira. Ainda teria o sábado inteiro pra curtir.”
Sim, verdade. Andei calmamente pela areia, era um breu total! Senti a porra da água gelada tomar minhas canelas leveza da água contra parte das minhas pernas. Continuei andando... Andando, até a mesma atingir minha cintura. Era bom demais pra ser verdade, tava tudo muito perfeito. Porééém, a minha barriga se contraiu e fui invadido por um enorme desespero: MEU CELULAR ESTAVA NO BOLSO. Caralho, como eu pude ser tão burro? Larguei a coca-cola no quiosque, mas trouxe o celular junto, talvez esperasse alguma ligação embaixo do mar? Não.
Enfim, fiquei puto, recuei o suficiente pra água baixar e assim enfiar a mão no bolso, resultado: Celular Oxidado.
Voltei devagar, impressionado com minha tamanha burrice, parei do lado da pessoal, exibindo no alto o meu celular ensopado:
- Puta que o pariu! Ta chovendo? – Disse o Fábio se engasgando com uma porção de camarão.
- Não cara, cê não vai acreditar. Eu... Afoguei meu celular na porra do mar... – Respondi, puto da vida.
O Gordo era filhodaputa mesmo, sua risada de hiena com cirrose foi tão alta que até o tiozinho do quiosque levantou da cadeira pra ver se ele tava mesmo bem, também não deixei de notar as menininhas rindo feito pavões no cio. Eu, óbvio. Fiquei com vontade de enfiar o celular no reto do gordo. Resolvi sentar e me acalmar, alías, o que eu poderia fazer? A cagada já estava feita! Really? O jeito era se contentar com o estrago. Ficamos ali por mais alguns minutos, conversando, enquanto deixava meu celular ‘secar’ em cima da mesa.
O Relógio da parede do quiosque pregado ao lado de um símbolo do Fluminense (Muito feio por sinal) marcava três e pouquinho da manhã. Aline bateu com os dedos na mesa, chamando pouca atenção.
- Gente, vambora, tá tarde. – Dando um bocejo tão explêndido que até eu enxerguei malícia.
- Sim, mas nós estamos longe de casa bonitinha – Falou o Victão.
- Aline, é melhor eles dormirem no apê – Falou a guél sentada do lado D’aline, cujo seu nome me lembro, era Bruna. Falou pouco, mas cara que vozinha sexy, era mais quieta das quatro. Porém a que mais interessou.
- É, eu não vejo problema algum. – Falou o panda, ainda rindo quando olhava pro meu celular.
Assim se dirigimos pro apê, era na rua de trás do quiosque, pra minha santa sorte. Fui andando com as 4 guéls, enquanto Fábio e Victão manobrava o Fox em direção ao mesmo. Não posso negar, o apê era bonito demais. Esperei a negada sair do carro, subindo a escada no nosso grupinho de sete pessoas. Não sabia se olhava pro corrimão feito de vidro ou pra longas pernas sugestivas de uma das quatro que subiam a frente. Enfim chegamos. Aline abriu a porta com a famosa cara de sono dela:
- Pessoal, casa de vocês. Façam o que quiser, só não larguem camisinhas no chão.
Olhei pro panda dando um sorriso sarcástico, ele, se assustou:
- Nem vem que cê num vai me comer não!
Geral riu.
- Bem, necessito de uma toalha, e um banheiro acho. – A primeira coisa que eu pediria naquele dia que parecia não ter fim, era um banho. Quando olhei, a negada se sentia em casa, Victão largado no sofá, quase atracado na loirinha. Aline largada na cama do quarto ao lado. Panda na geladeira, óbvio. Eu indo tomar banho. E a ’delicinha’ da Bruna, na frente do espelho. Passei do lado da garota, ela se virou, me encarando de frente.
- Opa. Algum problema? – Parei na sua frente.
- Sim. – Respondeu, rindo. A filhadamãe era bonita.
- Qual?
A garota se aproximou. Eu, ainda permaneci parado.
Bom. Não posso descrever a cena adiante. Só sei que cara. Valeu a pena usar um dos meus artefatos que eu trouxe na bolsa. Enfim, conituemos com a história. (Quem for esperto já entendeu.)
Sábado, 11:00 da manhã. Praia. Dia foda, sol foda. A minha tarde de sábado pode ser resumida assim: Futebol, mar, coca-cola. (Quanto ao meu celular, tentei deixar o coitado secando no apê). Passsada tantas horas torrando feito um condenado embaixo do sol, o meu filtro solar fator 7.000 se esgotou. Voltamos pra cena do crime ( O Apartamento, no caso) Era por volta 8 da noite. O Carnaval enfim já rolava solto desde a sexta-feira. Dessa vez os sete. Eu sem celular. Aline dessa vez desfalcada, a delicinha da Bruna havia voltado pro ape do papai. E o Fábio e o Victão, atirando pra tudo quanto é lado tentando se dar bem.
Enfim, o carnaval rolava na rua mais barulhenta que já vi nos meus dezessete anos de vida, era trio elétrico pra lá e pra cá, negada pulando e muita mas muita mulher gente. Paramos na frente de um cais, era bem ajeitadinho até, mas era o único lugar que dava pra conversar sem ser afetado pelo barulho.
- Ei, aqui vai ser o nosso ponto, caso alguém se perca, é só esperar aqui. – Disse o Victor se esguelando tanto, parecendo um tomate.
O barulho era tanto que o máximo que eu consegui foi fazer um joinha positivo pros caras. As meninas se separaram. Então assim estava: Eu, Victão e o panda, em pleno carnaval. No Rio.
- Então, borá começar a aposta, Brunão? Fabião? – Grunhiu o Victão, olhando pra uma guria danada de linda passando do seu lado.
- Borá. – Não exitei.
- Fechô! – Gritou o panda.
Antes que vocês se percam, é o seguinte, a aposta era pra quem conseguisse pegar mais garotas conquistar mais donzelas. Enfim. Havia começado. Antes que cada um pudesse começar, avisei:
- Já conta 1 ponto pra min, ouviram?
- PORQUÊ? –Gritaram as bichas indignadas.
- O que vocês viram ontem no chão do banheiro?
Fábio, olhou pro Victão.
- Era a cal.. da... BRUNA!
Antes mesmo que os filhosdaputas viessem com perguntas, sumi no meio da multidão.
Agora vou recapitular um pouco. Pois depois daquele momento. Não lembro de nada.
Sei que parei no cais era 3 e pouco da manhã. Perdido da negada, e o local estava menos cheio que habitual, alías, todos seguiam o trio elétrico! Sentei no banco estendido que ali ficava, com uma árvore pequena pra caraca. Fiquei ali por alguns minutos descansando, porque putz, carnaval exige energia, noah?
Encostei-me ao banco, fechei os olhos. Senti alguém sentando do meu lado. Abri um dos mesmos, tendo a visão invadida por uma miragem linda de morrer, caras. Abri os dois olhos. Sério. QUE mulher, véi.
- Posso sentar aqui? – Disse ela abrindo um sorriso que valia mais que todas as luzes do trio elétrico juntas.
- Putz. Se você quiser o banco inteiro, me avisa que eu sento no chão. – Sim, eu tava besta, negada.
Uma garota que se identificava por Grazieli, 19 anos, Natural do Rio mesmo, cabelos negros e tão lisos, tão lisos que eu quase não os via e sem contar o sorriso, o avssalador da sua ‘beleza humilde’.
- Ah, engraçadinho! – deu um tapa no meu braço, eu acordei mais ainda – Ta fazendo aqui parado? Vá atrás do trio, garoto! – Sorriu ela, tornando a me drogar com uma dose de ilusionismo do seu sorriso.
- Ah, to descansando um pouco, né? Três horas seguidas de carnaval pra um cara que se diz guitarrista, é feio. – Respondi, ainda com a cabeça encostada.
- Jura!? Eu sou eclética pra caramba, mas tenho paixão por rock.
E assim o papo se desenvolveu, nos apresentamos e falamos um pouco de infância and music. Ela pegou o seu celular do short’s mínimos que já usava, mostrando todo o seu arsenal de músicas. O Som não abafava, pois o trio estava longe e eu com um pouco de sono, me esforçava em manter atenção, ficamos por um bom tempo sentados no glorioso banquinhos do cais, conversando.
- Hey, vamos voltar pro trio? – Disse ela, exalando adrenalina.
- Ah, na boa, vou ficar por aqui mesmo... – Levantei do banco, pisando na areia da praia, mal iluminada.
- Já sei – Emendou ela, pegando na minha mão, me levando praia a dentro.- Vamos caminhar na praia!
- Você vai perder o trio elétrico, Dona Grazieli. – Belisquei de leve o seu braço, tentativa inútil de chamar sua atenção pro outro lado. Mas ela continuou me arrastando, levando até a beira do mar. (Só pra me precaver, bati mão no bolso, caso meu celular estivesse né, vai saber).
- Vamos caminhar, garoto. – Dizia ela formosamente, bagunçando minhas madeixas enroladas. – Vamos lá, me fala de você.
- Falar de min? Bem, eu não sou muito bom nisso, prefiro manter o lado misterioso. Mas me diz aí, você arrasta qualquer um pra caminhar na praia ou eu sou o primeiro? - Provoquei.
- BEEESTA! - Fui respondido com um belo soco no braço, a guria era brava, meu.
Pude notar que ainda era escuro quando começamos a andar, enfim, foi muito mais do que um encontro casual de carnaval, naquelas horas de caminhadas conversamos sobre Família, planos futuros, namoro, futebol, problemas familiares, histórias de infância. Enfim, uma noite contrária do que eu imaginei, se você esperava muita pegação na noite do carnaval, se enganou (Até eu me enganei), o dia já amanhecia, e putz, é uma enorme pena o meu celular não estar comigo naquele instante, pois o nascer do sol, acompanhado do sorriso dela. É uma das coisas mais bonitas que já presenciei, negada.
Grazieli, não esquecerei esse nome tão cedo.
Quando o celularzinho dela marcava 5:35 da manhã, começamos a voltar todo o caminho percorrido, dessa vez, ela tirava as fotos. Eu, pacientemente, a acompanhava, rindo da sua extrema animação.
Após caminharmos toda aquela longa distância, eu avistei o cais, vazio. Fodeu, a galera não tava ali! Mas meu sono era tanto que ele me permitiu ficar calmo. Ela parou, de frente pro mar.
- Bem, chegamos né? – Olhou pra min, se chatiando. (Pelo menos parecia isso)
- É, você foi uma ótima compania. – Devolvi, sorrindo feito um babaca na intenção de vê-la sorrir de novo pra ativar meus hormônios.
- Foi ótimo te conhecer... – Ela se aproximou, eu sorri.
- Quem sabe, não nos vemos de novo? – Falou perto da minha bochecha.
- Seria meio que impossível, mas eu aceitaria sem pestanejar.
Então enfim, não dá pra dizer quem beijou quem. Alías, era uma vontade mútua. Só sei que foi uma das garotas mais completas que já conversei. Muito mais do que seios e bundas, com conteúdo e com uma convicção que me espanta. Devido a minha extrema burrice, não consegui pegar nenhum contato com ela, MSN, Orkut, nada. Muito menos o número, já que estava sem celular. Mas sei que não vou esquece-la tão cedo.
Ela me abraçou forte, dizendo em simples palavras:
- Te vejo no próximo carnaval.
E foi. Na direção contrária do cais, talvez a ultima vez que a tenha visto, talvez...
O que me restou fazer? Voltar pro velho banco e esperar a negada.
Só por curiosidade, eu perdi a aposta, fiquei em último. Victão foi o vencedor. E mais outra curiosidade, o meu celular também voltou a pegar, mas ainda dá sinais de demência! Sem dúvida, passei a gostar de carnaval.
Obrigado, Grazielli.
Música do dia: Sum 41 – Some say.